Novembro Roxo: mitos e verdades sobre nutrição para bebês prematuros

2021-11-08

Todo ano, mundialmente, cerca de 15 milhões de bebês nascem antes da gestação completar as 37 semanas ou 259 dias. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), isso corresponde a mais de 1 em cada 10 nascimentos prematuros anualmente no mundo. Sendo essa é uma das principais causas de mortalidade infantil até os 5 anos de idade. O Brasil é o decimo país com mais bebês nascidos nessa situação, e esses números podem aumentar, devido à crise sanitária que vivemos com o Covid-19.

De acordo com um estudo do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos, mulheres grávidas com coronavírus têm maior probabilidade de ter parto prematuro ou sofrerem um aborto espontâneo, ao comparar com aquelas sem a doença. O resultado revelou que 12,1% dos nascidos vivos dentre uma amostra de 4740 mulheres foram prematuros, em comparação com uma média de 10% na população em geral dos EUA no ano passado.

Com o potencial aumento de bebês prematuros, temas ligados à essa condição e desconhecidos da maioria da sociedade ganham relevância, como a importância da alimentação e nutrição nos primeiros dias de vida do prematuro. Como não teve tempo suficiente para acumular os nutrientes necessários para seu desenvolvimento via placenta antes de nascer, o bebê prematuro fica mais exposto a doenças. Uma nutrição inadequada pode ter efeitos severos sobre a saúde do bebê a curto e a longo prazo. Para esclarecer os pontos mais importantes sobre a nutrição em prematuros, a Dra. Mariana Gonzalez, neonatologista do Hospital Moinho de Ventos, em Porto Alegre, listou alguns mitos e verdades que envolvem a prematuridade.

1. A nutrição é tão importante quanto a oxigenação para um prematuro?


A nutrição desempenha um papel fundamental no desenvolvimento cerebral do bebê, nosso órgão mais importante. Se não oferecemos uma nutrição adequada nas primeiras horas de vida, o bebê começa a consumir energia dos outros órgãos, como dos músculos e do fígado, a fim de manter o crescimento do cérebro. Isso pode gerar problemas futuros tanto em seu crescimento quanto o surgimento de doenças metabólicas e degenerativas até a idade adulta.

2. O leite materno é a melhor forma de alimentar um prematuro?


Não existe nada melhor para a alimentação, tanto do bebê não prematuro como do prematuro, como o leite materno. Por exemplo, das complicações que são mais comuns no prematuro, a mais temida é uma doença intestinal - Enterocolite necrosante - e a única coisa que protege o bebê dessa doença é o leite materno. Quanto maior o volume de leite materno que o prematuro receber, principalmente nas primeiras 4 semanas de vida, menor é o número de complicações.

3. Só o leite materno é suficiente para nutrir um prematuro?


Em algumas situações pode ser necessário colocar um aditivo junto ao leite materno, para se alcançar um maior aporte de proteína, cálcio e fosforo, sem isso, o leite da mãe não consegue suprir as necessidades de crescimento do prematuro. Por isso, a nutrição parenteral - aquela inserida no bebê diretamente pela veia (via endovenosa) - é uma aliada indispensável para prematuros. Não é possível manter a terapia nutricional nos primeiros dias de vida sem ela, porque o bebê não tem forças para sugar o seio da mãe e nem seu intestino está preparado para absorver o volume grande de nutrientes. Esse tipo de nutrição, geralmente, ajuda nos primeiros 10 a 14 dias de vida do bebê prematuro.

4. Na alimentação do prematuro, é possível fazer o mesmo papel que a placenta faz quando ele está no útero da mãe?


Esse é grande desafio do neonatologista. Mesmo com o leite materno, a nutrição parenteral e a enteral - aquela realizada por uma sonda que pode ser flexível ou não - ainda não conseguimos alimentar o bebê tão bem como intrauterinamente. O que fazemos, é evitar que o prematuro sofra um processo de desnutrição muito intenso nos primeiros dias de UTI neonatal, oferecendo o leite materno da mãe pelo maior tempo possível e fazendo toda a monitorização personalizada do bebê, para proporcionar que ele possa ter um crescimento mais saudável.
Além disso, bebês que nascem com menos de 1500 gramas são considerados como urgência nutricional. Isso porque todos os nutrientes que ele recebe através da placenta, ele começa a acumular somente no final da gestação, no terceiro trimestre. Por exemplo, das 24 semanas para as 30 semanas, o bebê dobra o peso. E das 30 semanas até as 36, ele dobra de novo. O prematuro, por nascer antes dessa fase da gestação, não tem reserva alguma.

5. Um prematuro não costuma ter capacidade, maturidade fisiológica e nem motora para mamar no seio da mãe. Esse fato impede a mãe de produzir leite?

As mães de prematuros enfrentam muita dificuldade em manter a produção de leite porque o que mais a estimula é o bebê sugar o seio. No entanto, é possível fazer um trabalho multiprofissional e personalizado, para proporcionar à mãe o estímulo necessário para continuar produzindo leite através de uma forma artificial, por meio de bombas de extração de leite. Dessa forma, o leite da mãe é fornecido ao prematuro por nutrição enteral, através de uma sonda.

6. Pode haver transmissão do Covid-19 da mãe para o filho por meio da amamentação?


Até o momento, não existem evidências científicas que afirmem a transmissão de Covid-19 por meio do leite materno. Não existe contraindicação de aleitamento materno para mães que contraíram coronavírus, segundo órgãos de pediatria.3 Ao contrário, é recomendado leite materno para bebês, devido a seu fator de proteção.

Sobre a Dra Mariana Gonzales:

Formada pela Faculdade de Medicina da UFRGS, Mestrado em Pediatria pela UFRGS e Doutorado em Pediatria pela PUCRS, pesquisa na área de nutrição neonatal, com ênfase em nutrição de prematuros. Atualmente é professora de Neonatologia da UFCSPA e Neonatologista do Hospital Moinhos de Vento.

Sobre a Baxter 

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Por: BCW Global / Foto Ilustrativa: Pexels